E aí você está todo concentrado tentando finalizar um conto para postar em seu blog quando, do nada, o telefone toca. E aí você atende.
“Eu queria estar falando com o Flávio Ochoa...”
“Não tem ninguém com esse nome aqui...” você responde, mas o outro lado é insistente.
“... Flávio Ulhoa...” ele tenta de novo, desta vez juntando todos os neurônios disponíveis para conseguir ler direito o que a tela mostra à sua frente.
“Esse tem!” você responde.
“Estou falando com ele?” ele pergunta, sem nem esperar resposta. “Oi, Flávio, é o Danilo falando, da Bibo Relacionamentos”, ele completa tentando fingir uma intimidade que, deve ter gente que gosta, mas você não.
E aí você olha o relógio e pergunta a ele se ele sabia que horas eram, sua concentração no trabalho já se foi para o espaço.
“Sei, são oito e meia da noite... mas não se preocupe, Flávio, eu trabalho até as nove...”
E antes que você pudesse reagir e dizer que você não quer discutir nada disso a essa hora, ele emenda com mais uma pérola.
“Flávio, para sua própria segurança, nós vamos estar gravando essa ligação, tá?” Pronto, a frase mágica: para sua própria segurança, para sua própria segurança...
E aí você quer entender o que isso significa, “como assim?” você pergunta.
“Hã? É isso que eu falei, vamos estar gravando essa ligação para a sua própria segurança.” Pronto, aí você não pode deixar escapar suas dúvidas.
“Mas por que vocês gravariam isso para a minha segurança? A Bibo está com más intenções comigo?”
“Não...”
“Ela está tentando me enganar? E por isso é que eu preciso de uma gravação?”
“Não, senhor, é para a sua própria segurança... se o senhor me deixar explicar...” e aí você deixa... deixa ele explicar.
“É que se o senhor contratar algum serviço conosco, tudo ficará gravado para a sua própria segurança!”
“Mas são vocês é que estão gravando, que garantias eu tenho?”
“O senhor também pode estar gravando se quiser...”
“Mas eu não quero gravar, vocês é que estão gravando...”
“É para sua própria segurança, senhor...”
“Parece que vocês desconfiam de mim...” você arrisca para ver qual a resposta.
“Nada disso, senhor. Se o senhor quiser, podemos enviar a gravação depois...”
“E quem me garante que vocês vão me enviar a gravação correta? Já que são vocês é que têm a gravação... talvez venha algo editado...”
Sem nos entendermos, ainda trocamos alguns minutinhos de conversa, sinceramente eu não conseguia entender o porquê deles estarem tão preocupados com a minha segurança em uma negociação com eles. Até que, já deve ter dado o tempo que ele precisava, por contrato, manter a ligação, ele resmunga contrariado.
“Não dá para conversar com o senhor, passar bem!”
E aí você está muito ocupado para ligar de volta para a Bibo e dizer que um dos atendentes não foi treinado direito, ele não pode perder o humor com o cliente, nunca, jamais. E, provavelmente, ele deixou de estar gravando essa sua última fala...
E aí, você já está desconcentrado mesmo e demorará um tempo extra para conseguir finalizar o conto. Por outro lado, você aí já tem uma estória para a semana seguinte...
Parece uma situação por demais familiar...! Bom conto!
ResponderExcluirEssa aconteceu de verdade, pura narração...
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