quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Falando em pão...

          Falando em pão, lembrei-me de uma história que o Thio Therezo nos contou algumas vezes. Quero dizer, quase que nos contou, pois parece que ainda falta a parte final. É certo que ele, a cada vez, se sente mais confortável em avançar nos detalhes, mesmo não o fazendo como gostaríamos. Em todo caso, parece até que ele agora conseguiu superar o pior, quem vai saber?
          Várias vezes ele nos falou do capitão, de como eram amigos, daqueles de passar horas bebendo e proseando sem terem que fingir nada, só curtindo a amizade que os unia.
          O capitão, dizia o Thio, tinha seus hobbies, um deles o de fazer pães para os amigos e, não raras vezes, só os mais próximos eram convidados para experimentar as novas receitas que ele descolava sei lá onde. Nessas horas, as das novas receitas, o fermento usado era aquele que ele cultivava com todo o carinho e escondia dos olhares curiosos e invejosos.
          O pão que o capitão sovava era famoso entre os amigos. Sua sova era raivosa e eficiente e ele dizia que isso é que fazia a diferença no final das contas.
          Com a mudança do clima político, mas não falo dos tempos atuais, falo da outra ditadura e não dessa que se prenuncia, tão diferentes entre si que elas são. Mas sim, voltando, com a mudança do clima político, o Thio foi percebendo o distanciamento de alguns amigos próximos e compartilhados entre ele e o capitão. O Thio todos conheciam, esquerda generosa, solidária e convicta, todos confiavam nele. Mas do capitão começou a haver sim um distanciamento cauteloso que o Thio achava, inclusive, um baita de exagero, afinal quem sova pão, más intenções não as têm! Esse ditado sempre acompanhou nosso querido Thio e ele era convicto do seu imenso saber escondido entreletras.
          Mas aí veio o golpe, a ditadura, um certo estranhamento e o Thio percebeu o quão errado estava aquele ditado. Na realidade, nunca culpou a sabedoria milenar, mas sim as talvez raras exceções que a vida moderna impõe a ela.
          Preso, desapareceu por um tempão. Preso, só soubemos depois. Preso, ainda achamos à época que ele tinha viajado como sempre fazia e que, por conta da natural impossibilidade de mandar notícias por conta das lonjuras de lugares que gostava de visitar, nos consolamos em esperar seu retorno.
          Voltou magro e machucado mas, até hoje, nunca detalhou onde esteve naqueles dias tão imperiosos. E nem insistimos em que nos contasse, cegos nunca fomos.
          O Thio nunca perdeu sua postura política, talvez ingênua por vezes, mas a base, a solidariedade como ponto de partida e chegada de uma sociedade decente, sempre norteou suas ideias.
          O Thio, dizia acima, superou muito o que sofreu naqueles dias obscuros mas, conhecedor que é das nuances das sombras que avançam sobre nós de tempos em tempos, sofre só de perceber o que está por vir.
          Na última vez que nos contou sua história, e nem faz tanto tempo assim, ele a complementou com a frase:
          - É, caros, comi muito o pão que o capitão amassou...
          Seu olhar, que para nós já não é tão misterioso, ainda escondia algo que respeitamos ser só dele, não insistiríamos em saber algo que ele não quisesse contar. Por sorte, seu sorriso logo voltou, e voltou junto com seu desejo que sovar um pão, alimento primeiro das civilizações. Afinal, más intenções não as têm quem o sova.
          Ou não deveria ter ao menos.




Caros amigos, reservem a data e horário: 14 de setembro, das 16 às 19 horas. Será o lançamento de meu novo livro de contos ("outros tantos", Editora PENALUX) na Livraria da Vila, Rua Fradique Coutinho, 915 na Vila Madalena, São Paulo. Ficarei muito contente com a presença de vocês.



quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Pão


          É gratificante para quem, como eu, passou a vida comendo o pão que outros amassaram poder fazer o seu próprio pão. Não que isso tenha algum significado exótico, místico que seja, é apenas que pareço flutuar em outro mundo quando me concentro em uma receita de pão, simples que seja. Sim, experimentei no final de semana uma nova receita de focaccia depois de tanto tempo, depois de tanto tempo e lembranças.
          A farinha ao fermento, água e sal, sova com a raiva que não se tem na realidade, ver a massa crescer e lembrar de tempos passados, o pão que a avó fazia, aos domingos íamos todos à sua casa. Esperar pelo cheiro quente chegar à sala, a manteiga esparramada que logo derretia no pão em forma de bola apenas saído do forno, às vezes o queijo também desaparecia junto à manteiga, o silêncio até a primeira mordida, segundo não há a perder.Tempos passados sim... as lembranças estanques, a esperança congelada, parece até que só a massa do pão cresce hoje em dia, parece que só o pão ainda resiste.
          O pão, sim, me faz sorrir e não por acaso pois faço parte de civilização que tanto o cultivou, aquele primordial alimento que faz parte de todas as culturas, forma que seja, simples ou não, com recheio ou só à espera de um.
          Mas, para mim, nada como um pão simples molhado no azeite e sal.
          Massa pronta e já crescida, salpicada por alecrim e sal grosso das salinas de Aveiro, ajusto a temperatura do forno à das redes sociais e agora é só esperar o tempo agir.
          Em um cotidiano recente cercado de dores e remédios, de impostos a pagar e confiscos do capitão e do eterno governador, de desesperanças e desesperos, de amigos perdidos para a ignorância e ao autoritarismo, nada como um pequeno intervalo para ver o pão dourar. Eu me perco nesse instante frente ao forno e, mesmo com fome e ansioso por comer o pão feito em casa, pareço querer me esquecer em uma imensidão de momentos longe de tudo. Mesmo ciente de que é só escapismo, esperança não há.
          Pão quente com manteiga, fecho os olhos, perco-me em tantas lembranças. Pena que junto à manteiga também não derreta esse ranço que há anos nos sufoca, nos queima, nos abate.
          Servido de uma focaccia quentinha? Com ou sem manteiga?




Caros amigos, salvem a data e horário: 14 de setembro, das 16 às 19 horas. Será o lançamento de meu novo livro de contos ("outros tantos", Editora PENALUX) na Livraria da Vila, Rua Fradique Coutinho, 915 na Vila Madalena, São Paulo. Ficarei muito contente com a presença de vocês.


quinta-feira, 15 de agosto de 2019

google tradutor, três


(português) O rei e a rainha relativizaram e radicalizaram o ruído.

(para basco) Erregeak eta erreginak zarata erlatibizatu eta erradikalizatu zuten.

(para azerbaijano) Krallar və kraliçalar relativləşdirilmiş və radikallaşdırılmış səs-küy.

(para sueco) Avslappnat och radikaliserat brus från kungar och drottningar.

(para maori) Ko te haruru me te riihi mai i nga kingi me nga kuini.

(para galego) O ruído e a panca de reis e raíñas.

(para ioruba) Ariwo ati idoti ti awọn ọba ati awọn ayaba.

(para bósnio) Buka i zagađenje kraljeva i kraljica.

(para zulu) Umsindo nokungcoliswa kwamakhosi nezindlovukazi.

(voltando ao português) O barulho e a poluição de reis e rainhas.


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

google tradutor, dois


(português) O rei hackeado rompeu a relação.

(para espanhol) El rey pirateado rompió la relación.

(para francês) Le roi piraté a rompu la relation.

(para albanês) Mbreti i pirat i prishi marrëdhëniet.

(para alemão) Der Piratenkönig schnitt Krawatten.

(para filipino) Ang hari ng pirata ay pinutol ang mga kurbatang.

(para latim) Et pirata rex eius necessitudines.

(para gaélico escocês) Agus 'na cheannard air spùinneadairean righ a ghearradh dheth dàimhean.

(para italiano) E un leader del re dei pirati interruppe le relazioni.

(e volta ao português) E um líder do rei pirata rompeu relações.


quinta-feira, 1 de agosto de 2019

google tradutor, um



(português)  O hacker roeu a roupa do rei.
(português->espanhol)   El hacker royó la ropa del rey.
(espanhol->alemão)  Der Hacker nagte an den Kleidern des Königs.
(alemão->albanês)  Hakmarrësi po gërmonte rrobat e Mbretit.
(albanês->dinamarquês)  Hævnen grave Graves tøj.
(dinamarquês->latim)  Graves vestimentis ultionis hii metalla fodiuntur:.
(latim-.holandês)  Ernstige kleren straf toen gewonnen uit:.
(holandês->latim)  Poena vestimenta educuntur.
(latim->eslovaco)  Trestom za svoj čin.
(e voltando ao português)  Punição por suas ações.