É claro que nesse último caso nem sempre a coisa funciona bem. Você escreve, por exemplo, “um feliz natal” e envia e, vai entender a mente perturbada do programador desse corretor, quando você olha de novo está escrito “infeliz natal”. Serão necessários meses de investimento emocional para recuperar a amizade que acabou de perder.
Mas o chip, dizem os entusiastas, funcionaria assim. A
pessoa pensa em dizer alguma coisa, mas, antes que as cordas vocais possam
entrar em ação, o chip teria ainda a possibilidade de corrigir a sua fala.
Ninguém mais falaria algo sem pensar. E mais, por meio de inúmeros algoritmos
especificamente criados para tal, sua fala estaria adaptada plenamente ao seu
perfil (e quem melhor do que esses algoritmos para dizer com certeza os seus
gostos e convicções, não é?).
Com o tempo, se o algoritmo concluir que você é do tipo tranquilo, a sua fala será adaptada para evitar qualquer polêmica que fosse com o seu interlocutor. A indústria farmacêutica venderia, com certeza, menos produtos calmantes e anti-stress, mas é o preço da modernidade, não? Seguramente, eles se adaptariam facilmente, como a história da humanidade tanto nos diz.
E se você for do tipo agressivo, com a ajuda desses algoritmos suas falas passarão a imagem da mais zen das pessoas.
Com o tempo, se o algoritmo concluir que você é do tipo tranquilo, a sua fala será adaptada para evitar qualquer polêmica que fosse com o seu interlocutor. A indústria farmacêutica venderia, com certeza, menos produtos calmantes e anti-stress, mas é o preço da modernidade, não? Seguramente, eles se adaptariam facilmente, como a história da humanidade tanto nos diz.
E se você for do tipo agressivo, com a ajuda desses algoritmos suas falas passarão a imagem da mais zen das pessoas.
Vejam só as vantagens propagadas pelos inventores do
chip. Você não precisaria mais gastar seu tempo aprendendo coisas, lendo
inutilidades, construindo opiniões, pois o chip estaria constantemente em
contato com nuvens, distantes ou não, suprindo sua mente com as informações necessárias
para os seus discursos e falas, todos gramaticalmente corretos e dentro do
perfil que o sistema associou a você.
Sem surpresas mais nessa vida tão inconstante.
As possibilidades são inúmeras. Imagine que você esteja
em dúvida sobre se deve, ou não, trocar, pela décima vez no ano, o seu celular
por um mais moderno, ou se deve apoiar a candidatura daquele gestor arrogante
mas sorridente. O chip certamente irá solucionar da melhor maneira possível esses
impasses.
E o tempo economizado com essas inutilidades de reflexão
e extensas leituras, próprias de pré-históricos seres, poderia ser melhor
utilizado jogando algum game pela internet ou consumindo reality shows. É claro
que, com isso, certas mídias perderiam a razão de ser, mas, vejam bem, quem é que
se importaria com isso nesse novo mundo, isto é, nessa nova época?
- Onde é mesmo que eu desligo essa porra de corretor? –
Vez ou outra a gente escuta o Thio Therezo esbravejar frente ao seu smartphone.
Nessas horas, melhor nem interferir.
Lançamento. No próximo dia 12 de maio, às 14 horas, lançarei o meu livro infantil "Guarda-Trecos" (ilustrações da Lucilia Alencastro) na Livraria Panapaná, Rua Leandro Dupré, 396, Vila Clementino, São Paulo. Haverá contação de estórias (às 15 horas com a querida Nani Braun), oficina, pipoca e groselha. Apareçam!
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