quinta-feira, 9 de maio de 2019

iba áles, onze


Prezado Dr. Therezo,

          Antes de mais nada, gostaríamos de agradecer a sua preferência em publicar o seu último estudo em nossa revista científica. Ficamos realmente muito honrados com essa escolha.
          Como de praxe, o seu artigo foi enviado a dois pareceristas para análise e muito nos alegra dizer que ambos consideram o seu trabalho de excelente qualidade e merecedor de divulgação em um periódico de importância como o nosso. Em anexo, o prezado colega irá encontrar um documento com pequenos acertos necessários, mormente decorrentes de erros de digitação.
          No entanto, cabe-nos enfatizar um pequeno ponto que, aparentemente, passou desapercebido ao nobre colega pois temos a certeza de seu necessário conhecimento da recém publicada BNI pelo MEC. Temos também a convicção de que o renomado colega não irá se opor a realizar pequenas e irrelevantes modificações intentando com isso se adequar plenamente às normas contidas na BNI.
          Logo na introdução de seu excelente artigo aparece a frase “... analisar o mito dos hemisférios do cérebro...”. Entendemos a sua preocupação em desmistificar certos conceitos arraigados na neurociência, mas acreditamos que a palavra usada (mito) vem carregada, nessa frase específica, de uma conotação negativa, o que não é condizente com a terminologia atualmente utilizada nas redes sociais. Sugerimos, simplesmente, substituir a palavra “mito” por outra de igual valor mas que não propicie o surgimento de qualquer polêmica online quanto a possíveis mitos que lá transitam e habitam.
          Mas talvez isso seja apenas a ponta do iceberg dos problemas que vemos com relação aos termos utilizados em seu pertinente trabalho. Não interprete, caro colega, nossos comentários como críticas à metodologia de seus estudos, mais do que correta e igualmente inovadora para se dizer o mínimo, nem tampouco reparos às conclusões a que chegou ao final dele. Suas conclusões, enfatizamos, merecem todo o nosso apreço por propiciar, isso sim, uma rica e profunda discussão em relevantes questões em nosso ambiente acadêmico.
          Nosso ponto é que, ao longo do texto, você se refere às características positivas de cada um dos hemisférios do cérebro. Nada há a objetar quanto a essas características no que se refere ao hemisfério direito do cérebro, inclusive incentivamos um maior aprofundamento em suas descrições. Quanto ao outro hemisfério, é preciso, porém, um cuidado nas palavras utilizadas, mormente as de cunho positivo, visando a devida adequação à Base Nacional Ideológica acima referida. É base dessa Base evitar que certos conceitos ideológicos voltem a interferir no bom andamento do ensino e da pesquisa nesse país e temos a certeza de que o reputado colega sabe a qual termos estamos nos referindo E, convenhamos, as mudanças que estamos sugerindo não são nada que um pesquisador premiado e maduro como o colega tenha dificuldades em realizar. Por isso, deixamos a seu inteiro encargo essas, digamos assim, adaptações à BNI.
          Apenas, e apenas isso, como sugestão gostaríamos de indicar um possível caminho, o da conceitualização dos dois hemisférios do cérebro a partir de referências espaciais. Ao invés de se utilizar as palavras “direito” e a outra, sugerimos nomear os dois hemisférios do cérebro como sendo “o hemisfério direito” e “o hemisfério direito no referencial invertido” o que, a nosso ver, pode bem caracterizar os dois lados estudados sem imputarmos em confusões desnecessárias ou impingirmos questões ideológicas a nossos estudantes. Com isso, evitamos nomear algo que a BNI reputa como extremamente nocivo à nova sociedade e relacioná-lo a valores positivos.
          Por fim, sugerimos repensar a dedicatória de seu trabalho.
          Certos de seu entendimento e na imensa expectativa de recebermos logo uma versão revisada desse importantíssimo estudo, despedimo-nos atenciosamente enfatizando todo o nosso apreço por sua vitoriosa carreira,

                                                                       Editor-Chefe da Revista

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