O Thio Therezo se exaltava ao contar suas peripécias ao
redor do mundo, sempre provocado pela ironia descrente e crescente de meu pai.
Minha mãe, sua irmã, o defendia sempre. Deixa
ele contar, meu bem, ela falava para o meu pai em sua inglória tentativa de
pacificação familiar.
No almoço daquele domingo, ele se exaltou.
Me respeitem... eu já fui ao fim do mundo... e voltei! Me respeitem!
Ante ao silêncio constrangedor que se criou e à risadinha
sarcástica de meu pai, eu, com meus nove anos completos, resolvi perguntar.
E como é?
Hã... o quê? Como é o que? a
pergunta desconcertou meu tio.
O fim do mundo...
como ele é?
Ah! Como ele é? Parece mais um campo
de golfe... É! O fim do mundo é um imenso campo de golfe... ele
respondeu com seu olhar distante e nostálgico.
E comemos, em silêncio e satisfeitos cada um com seu
próprio pensamento, a sobremesa que minha mãe tinha preparado.
São Paulo, 14.11.8
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