Nós, todos primos entre si de Itu, invadíamos algumas
festas infantis justamente na hora do pessoal cantar os parabéns.
Espalhávamo-nos pelo salão, pacientemente à espera do melhor momento para a necessária
homenagem. Tão logo os parabéns e o “prá fulano, nada?” terminava, o meu irmão
mais jovem (e mais desinibido) gritava do seu canto.
“A porteira abriiiiuuuuu...”
"Nhééééééééé...” os primos de Itu, espalhados, onomatopeicamente complementávamos. E ele seguia a cantilena ante os olhares surpresamente espantados da audiência.
“A porteira fechou....”
“PÁ!” um curto e seco fechar de porteira, a platéia já se
alvoroçava. Mas ainda tinha mais.
“O rojão subiiiiuuuuu...” o mano continuava.
“Tchiiiiiiiii....” Em Itu, o rojão sobe fazendo esse
barulho, disso os primos de Itu entendiam bem.
“O rojão estourou...” já estávamos chegando ao final.
“BUMMMMM”
E o grande finale chegava afinal:
“Nhééééééééé, PÁ, Tchiiiiiiiii, BUMMMMM, Nhééééééééé, PÁ,
Tchiiiiiiiii, BUMMMMM, Nhééééééééé, PÁ, Tchiiiiiiiii, BUMMMMM...”
Após mais essa abordagem folclórica-cultural, os primos de Itu nos despedíamos modestamente e, muitas vezes sem ao menos comer um pedaço de bolo ou um mero brigadeiro, saíamos satisfeitos da vida.
Itu, primórdios dos
tempos
(Obs. Esse Pique Pique de Itu foi ensinado aos
primos de Itu pela Tia Ciça e é cantado, sem falha, em todas as festas de
aniversário de nossa querida cidade natal).
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