quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Cadê a bandeirinha?


        E aí você está na frente do Palácio de Buckingham, troca da guarda já terminada mas ainda aquele amontoado de gente zanzando prá lá e prá cá...
E aí você tem uma ideia genial e inédita: tirar uma foto sua com o tal palácio ao fundo.
E aí você olha em volta, identifica alguém que estava de passagem e pede a ele para sacar essa foto, passa-lhe a câmera fotográfica, que você ainda é desse tempo, mostra o botãozinho que esse alguém tem que apertar e coisa e tal, se posiciona, sorri como turista, imaginando a bela foto que irá para o face...
E aí ele conta até três, faz uma careta e... pronto!
E aí ele devolve a câmera e você rapidamente vai olhar a foto... Curiosidade!
Desastre, verdadeiro desastre... cortou metade da cabeça, os pés nem de longe se vê, só meia canela e olhe lá, totalmente descentralizada, que coisa, palácio meio torto ao fundo e... 
Cadê a bandeirinha???? Cadê a bandeirinha????
Para tudo há um limite! E você não pode deixar que isso fique assim e, antes que o elemento consiga escapar, não resta outra coisa que chamá-lo de novo e fazê-lo entender a porcaria de foto que fez.
E aí você mostra a ele a foto, se é que é possível chamar isso de foto... e grita para que todos naquela praça escutem.
“Veja só o que você aprontou com a minha câmera!!! Isso lá é utilizar bem os pixels que eu coloquei à sua disposição em total confiança?” Você continua, sem dar tempo de qualquer reação: “vem cá, cara, precisa centralizar isso, onde já se viu? Onde é que está o seu senso estético??? Ninguém nunca te ensinou isso?”
E aí você mostra a bandeirinha bem lá no topo do palácio.
“Você vê a bandeirinha lá em cima?” E o elemento, um tanto quanto assustado, responde que sim.
“E aqui na foto? Você vê a bandeirinha??? Por um acaso, você consegue ver a bandeirinha aqui nessa foto? Não minta... não minta que é pior...”
Antes que o elemento se refaça do susto e consiga responder, você completa, pois é preciso manter o domínio da situação.
“Vou apagar essa porcaria de foto que você tirou e vamos começar tudo de novo”. E aí, você apaga a foto bem na frente dele para que não reste testemunho que seja, mesmo que virtual, desse desastre estético... É preciso mostrar autoridade nessas horas que senão tudo descamba de vez, e, se descambar, um passo estaria de arruinar por completo suas longamente planejadas férias... 
Vontade de dar um cascudo nesse cara, mas aí você se controla, nem é para tanto!
“E agora, vamos recomeçar... não quero releituras nem pós-modernismos, apenas uma foto simples minha com o palácio ao fundo... Centraliza, não corte as pernas, mostre todo o palácio, inclua a bandeirinha...” você vai instruindo o elemento assustado mas atento. “Um passo para trás que fica melhor...”
Ele, tremendo mas obediente, saca mais uma foto, deixa a sua câmera no chão sem sequer checar o resultado e sai correndo sob os olhares de muitos que por lá presenciaram toda a cena.
Mas qual-o-quê! Caso sem solução, a segunda foto saiu ainda pior. E ainda mais, desfocada... o elemento resolveu tremer na hora de clicar!!!
E aí, você olha ao redor e parece não encontrar ninguém disposto ou confiável o suficiente para tirar uma nova foto... uma que inclua a bandeirinha!

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