Do inúmeros santos que povoam
o dia dois de julho, o Thio Therezo tem lá os seus prediletos. Dois na
realidade, um dos tantos santos chamados de Estevão e o santo Bernardino
Realino.
Dizem, mas em se tratando de
santos são coisas difíceis de se comprovar, que o Santo Estevão realizou
inúmeros milagres. Dizem também que um desses milagres, dubiamente fundamentado
e polemicamente divulgado, teria sido cometido contra a sua própria gente, a
muitos uma heresia ao santo comportamento do Estevão.
Quando soube disso, Thio
Therezo que nasceu no mesmo dia em que, séculos antes, tinha morrido o então
príncipe moldavo Estevão III não se aquietou até conseguir entender esse
disparate. Afinal, esse príncipe, por conta da resistência aos ferozes ataques
do Império Otomano, fora canonizado pela Igreja Ortodoxa Romena e é, até hoje,
considerado o maior moldavo de todos os tempos. Príncipe, santo, que importa?
Importa a verdade da história e o Thio bem sabe disso.
Consta dos anais da tal história
que o grã-tio Estevão, como o Thio costuma dizer, só perdeu duas das quarenta e
seis guerras que disputou em sua insistente e vitoriosa resistência aos avanços
dos inimigos, isso lá pelos idos do século XV. Bem diferente do famoso Buendía
que, como é bem sabido, começou dezessete guerras e perdeu-as todas. Aliás, dos
anais históricos da Moldávia não consta informação de quantas dessas quarenta e
seis guerras o não tão pacato Estevão iniciou. Que foram, em sua quase
totalidade, bem sucedidas a ele, isso é mais do que bem registrado.
O ponto, dizia, é com relação
a um suposto milagre feito pelo Santo Estevão, supostamente no século passado e
supostamente a favor de um dos supostos descendentes de seu principal inimigo
nas inúmeras batalhas que travou pelo fortalecimento da independência da
Moldávia.
Tem gente que guarda rancores
por séculos...
No entanto, investigações
imparciais do Thio Therezo, se é que se pode esperar alguma imparcialidade dele
nessas questões, não comprovaram esse injusto e maldoso boato, meros rumores de gente de má fé, e
reestabeleceu de forma definitiva a reputação do santo Estevão. E, de quebra,
fez do Thio a segunda personalidade mais popular da Moldávia.
O Thio também considera muito
o menos controverso e talvez mais ortodoxo (apesar da igreja a que pertencia
sequer mencionar isso) São Bernardino Realino que, ao que consta, foi prefeito
das cidades de Felizzano de Monferrato e de Cassine e auditor fiscal de outras
tantas. Mas, por mais que muitos queriam imputar a isso a sua santidade, o Thio
está convencido que essa se deu, na realidade, a partir de sua ida, já como
jesuíta e tendo abandonado de vez a administração pública, a Lecce em 1574 para
a fundação de um colégio. O que o qualificou a santo definitivamente foram os
46 anos que lá passou como educador, santa profissão aliás.
Seguramente não ajuda muito ele
ter sido canonizado pelo papa do Hitler, mas isso pode ser considerado mera
nota de rodapé nos anais da história.
Cabe ressaltar que o Thio, tão
entusiasmado que sempre foi com esse santo jesuíta, dedicou-lhe uma extensa
biografia que, traduzido em trinta e oito línguas das mais variadas matrizes,
fora incontáveis dialetos, tornou-se a fonte principal de referência da
magnífica vida desse santo. Seriam portanto necessárias muitas e muitas quintas-feiras
para sequer se narrar ínfima parte que fosse de sua trajetória na terra. O Thio
que nos desculpe, mas isso não faremos.
Menciono sim que o Thio, por
vezes, olha pros acontecimentos do dia dois de julho e se convence, quem nasceu
nesse dia é um privilegiado!
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