Manifesto rabugento
O que você vê agora são só os
detalhes, as sombras que a luz difusa permite. O que você lê, o que permitimos
que você leia, são só as sobras do pensamento codificadas em símbolos
pré-determinados. O essencial, felizmente, ficou com a gente, bem-guardado. Não
espere mais do que isso, caro leitor! Não permitiremos que nos decifre, audácia
sua, que descubram nossos segredos, nossas faces ocultas, que leiam nossas
entrelinhas, que conheçam as coxias de nossos pensamentos.
O que você lerá será apenas o que
permitimos que seja lido, o que finalmente sobrou após longas e insanas noites
de revisão e desespero. E contente-se com isso!
Montreal, junho de
2008.
É
o que dizem...
Depois daquele longo e incômodo
silêncio, ela acrescentou:
“É o que dizem por aí....”
“Dizem
tantas coisas...”
E
permaneceram assim por algum tempo, mas ela não aguentou aquela situação e
perguntou afinal.
“O que eu gostaria de saber é o que
é verdade em tudo isso.”
“Em tudo o quê?”
“No que dizem por aí...” ela
respondeu já irritada.
“Não dá para acreditar em tudo que
dizem, não é? Dizem tantas coisas...”
E continuaram a tomar o seu café da
manhã.
São Paulo, julho de
2007
[[Esses vinténs apareceram inicialmente em meu livro "Contos&Vinténs" publicado pela Editora A Girafa, 2012.]]
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