Esta quinta é a tricentésima desde que comecei a publicar meu blog. Semanalmente, acumulando uma a uma, cheguei a esta marca que superou todas as minhas expectativas. Por isso, não dá para não pensar no poema do Mário de Andrade, nem dá para esquecer que, lá no já longínquo 2005 e muito antes de sequer pensar no blog, eu cometi o disparate de pintar o quadro que aparece abaixo por conta da andradiana frase "sou trezentos, sou trezentos e cinquenta". Somos muitos, todos nós, cada um a seu jeito, ou jeitos (ou geitos, para quem assim o preferir).
EU SOU TREZENTOS...
(7-VI-1929)
Eu sou trezentos, sou
trezentos-e-cincoenta,
As sensações renascem de si mesmas sem
repouso,
Ôh espelhos, ôh! Pireneus! ôh caiçaras!
si um deus morrer, irei no Piauí buscar
outro!
Abraço no meu leito as milhores
palavras,
E os suspiros que dou são violinos
alheios;
Eu piso a terra como quem descobre a
furto
Nas esquinas, nos taxis, nas camarinhas
seus próprios beijos!
Eu sou trezentos, sou
trezentos-e-cincoenta,
mas um dia afinal eu toparei comigo...
Tenhamos paciência, andorinhas curtas,
Só o esquecimento é que condensa,
E então minha alma servirá de abrigo.
[Mário de Andrade. Poesias Completas.
São Paulo: Martins Editora, 1955. p. 221.]
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