Dívidas Pagas
Naquela noite, ao atravessar a porta de seu apartamento
depois do trabalho, sentiu algo que há muito buscava. Sua mão tateou, no
escuro, o interruptor de luz e a acendeu. Lentamente, como há tempos não fazia,
tirou os seus sapatos e entrou no apartamento só de meias, os dedos sambando deliciosamente
satisfeitos. Chegou-se à sua poltrona predileta, sentou-se, encostou sua cabeça
e fechou os olhos. Estava tranquilo, tranquilo é a palavra certa, ele pensou
serenamente. Permitiu-se então todo o tempo que quis e merecia para recordar os
acontecimentos do dia, sorrindo sozinho a cada instante. Tinha finalmente pago
as suas dívidas morais com uma série de pessoas, aliás, com todas com quem as
tinha.
E isto o deixava tranquilo. Era a palavra certa, tranquilo.
Adormeceu, então, de bem com a vida.
São Paulo, 1 de 8 de 8
Dualidade
Transito entre um eterno pessimismo pragmático e um
intermitente otimismo cauteloso.
Mendoza, março de 2012
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