O melhor
Porque o melhor nessas horas é nem falar nada. O beijo
roubado no canto da boca sublima um pouco o desejo de ambos.
Porque nessas horas o melhor é nem pensar no assunto. Senão
vira pecado ou culpa, não podemos, não podemos...
O carinho fingidamente distraído, o abraço um pouco mais apertado, o olhar profundo, o selinho afinal, são o que restam de melhor nessas horas.
São Paulo, novembro de 2011
Pegada
Em uma única pegada, naquela tarde de terça-feira, ela
praticou muito mais posições que em todos os seus quinze anos de casada. O
colega, que nunca mais a procuraria com tanto afinco como naquelas semanas
anteriores, a fizera sentir coisas que nunca sentira antes. Mas, para ela, era
só aquilo. Também ela nunca mais o procurou e, como ele também se dera por
satisfeito, ficaram nisto, um estranhamento ao princípio e depois um coleguismo
inconsequente de final de expediente.
Ela achava que devia a si mesma uma tarde daquelas e, paga a dívida, voltou ao seu cotidiano com o marido extremamente amoroso mas sem imaginação. Estava, finalmente, satisfeita na vida e vez ou outra lembrava-se, com aquele gostoso carinho, daquela tarde que era só dela, sem se importar com quem fora.
São Paulo, junho de 2008
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