Eu já
contei essa história por aqui (O entusiasta do sistema decimal), mas a reconto agora. A mãe de Jorge Luis Borges
morreu com 99 anos e, no seu velório, uma grande amiga dela se aproximou do
escritor argentino e disse que mais um ano e a amiga teria chegado aos 100
anos. Ao ouvir isso, Borges teria respondido:
“Vejo
que a senhora é uma entusiasta do sistema decimal...”
Muitos
somos entusiastas do sistema decimal, eu inclusive, e é por isso que eu resolvi
recontar essa história hoje quando estou publicando o centésimo post nesse meu
blog. Não que 99 ou mesmo 101 não sejam números também interessantes, mas
chegar aos três dígitos parece ser um marco pra lá de ordinário. E ainda bem
que é o sistema decimal. Estivesse eu no mundo Maya onde o sistema numérico era
vigesimal e demoraria muito mais para essa celebração. O que dizer então se me
pautasse pelo sistema sexagesimal dos babilônicos?
E lá se
vão quase dois anos do dia em que decidi me jogar nessa aventura de escrever
semanalmente por aqui. Certo é que fui adiando aquele início por vários meses
por medo de não conseguir manter essa frequência. Mas tem sido um prazer, mesmo
quando sob stress, forçar-me a publicar, algo que fosse, toda quinta-feira. Nelas
já passei um aniversário, já um Natal, já um último dia do ano. E foram
crônicas, lembranças, ficções e até me arrisquei a publicar poesia (mesmo
envergonhado...).
No
começo, tinha sim um banco de emergência
que continha contos e crônicas que estavam na gaveta esperando suas vezes de
emergirem à vida cotidiana e, também, o plano de republicar alguns contos de
meu primeiro livro (cuja segunda edição vai sair como livro digital nas próximas
semanas). Mas também fui salvo na última hora por alguma lembrança até então
perdida ou mesmo por algum fato corriqueiro (como o cachorro atravessando a rua
quando voltava de Mar del Plata no ano passado) e que pode virar uma crônica.
Algumas quartas-feiras foram estressantes, ansioso que sou.
E,
claro, o Thio Therezo e suas estórias. Por falar nele, recebi ontem um cartão
postal (é... ele é ainda do tempo em que se mandava cartões postais)
parabenizando-me pelo centenário e completa dizendo que ainda deve desfrutar de
suas férias por mais algum tempo... Ele nem se importa em ceder momentaneamente
o seu espaço no blog ao inseguro e solitário personagem da série “O que você
pediria?”
Mas sim,
vezes faltou inspiração... vezes faltou tempo para burilar melhor o texto...
vezes faltou coragem de publicar certas coisas... vezes faltou ser mais
explícito... ou menos explícito, talvez... vezes faltou ser mais poético...
Mas o
que não faltou foi o carinho de quem me leu, e olha que eu sou muito grato
àqueles que me acompanham fielmente todas as semanas (que deve, no entusiasmo
do sistema decimal, passar dos dois dígitos...).
No
começo do ano, cheguei a 10 mil visualizações (olha aí o sistema decimal de
novo me entusiasmando...). Mas, pouco depois, o contador de visualizações entrou
em um estágio amalucado aumentando, sem precisão ou coerência, os números e
quando bateu nos 17 mil após meia dúzia de semanas, resolvi retirá-lo do ar
(quando ele resolver se comportar de novo, voltará). Quem convive comigo no dia
a dia sabe dessa minha incompatibilidade tecnológica, não há computador que
funcione nas minhas mãos, não há sistema computacional que se entenda comigo...
deve ter algo a ver com a minha geração ou signo, ou ambos.
Foram quase
dois anos em que, à parte do blog, também finalizei um romance que acaba de
sair (“Pigarreios”), trabalhei no relançamento de meus dois primeiros livros de
contos em forma digital (logo logo sairão!) e, segredo ainda, o primeiro livro
infantil. Além de outros projetos que realmente são secretos.
Esse
marco, cem quintas-feiras, me anima a tentar chegar a mais cem e, passo a
passo, ver até onde o fôlego aguenta.
Só tenho
a agradecer o carinho de meus leitores e, quem sabe um dia, poder reuni-los
todos em torno de uma taça de vinho e de uma boa conversa.
Parabéns! Não é fácil manter esse ritmo.
ResponderExcluirRicardo, obrigado pela força!!!
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