Por uma fresta estreita,
um olhar atento espreita
o beijo mal dado,
o amasso apressado,
o beijo roubado,
o beijo não retribuído,
a mijada no canto,
o andar pensativo,
o andar rancoroso,
a menina desconfiada,
a menina atenta,
a menina sonhadora,
o carteiro andarilho,
o casal evangélico,
o bêbado, o vômito,
o pião na mão do menino,
o iPod na mão da menina,
o tombo do skatista,
o choro do bebê,
a conversa das babás,
o cachorro latindo,
o aniversário da Nini,
a irmã gordinha da Nini,
a calça um tanto quanto apertada do namorado da irmã da
Nini,
a conversa no celular,
o motoboy,
o amasso repetido,
o beijo inconsistente,
o velho recolhendo o cocô do cachorro,
a velha resmungando,
a velha voltando da feira,
o caminhão do lixo,
o falar dos lixeiros,
o choro compulsivo de quem já se perdeu,
amores furtivos,
ledas referências,
mulheres tristes
e cachorros
abandonados,
meros enganos,
contos que reconto
afinal
e a vida segue...
no espreitar sereno
de um olhar atento por
trás do
estreito da fresta da janela.
[[Esse conto, escrito em 2011, apareceu em meu livro "Contos&Vinténs" publicado pela Editora A Girafa (2012).]]
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