Três. Por
conta da pandemia, acabei concentrando algumas compras em um dado supermercado
que tinha um programa de fidelidade. E, por conta desse programa, ganhei
algumas estrelinhas que geravam descontos nas compras seguintes. Não, não
estamos falando de milhões, falamos de descontos muito esporádicos de vinte
reais. Usava-os e sonhava em voltar aos meus velhos hábitos algum dia, ainda
mais que o tal supermercado aumentou todos os produtos (é do sistema levar
vantagem em tudo, ainda mais vantagem em cima das desgraças que afligem a
sociedade). Mês passado, ufa, ganhei duas estrelinhas para usar no mês
seguinte. Mas, quando fui utilizá-los, o supermercado anunciou uma mudança no
programa de fidelidade. Rojões para todos os lados, auto elogios insanos como
sempre acontece nesses casos, eu fui apresentado a esse moderníssimo programa.
Mas, e as porras das estrelinhas que já tinha ganho? Desapareceram...
sumiram... assim como a cara de pau dos tais “empresários doadores em tempos de
pandemia”, tão bondosos eles são. Escrevi ao supermercado perguntando se eles
iriam honrar os prêmios que supostamente ganharei nesse novo programa do mesmo
jeito que honraram as... as... estrelinhas que sumiram. Ainda espero resposta
e, creio, muito esperarei.
É, não há como...
Quatro. Acabo
de ler num jornal de São Paulo que mais um indicado a um cargo nesse governo
(ainda precisa ser sabatinado no Senado) mentiu sobre o seu currículo: ele
dizia que “defendeu um pós-doutorado antes de ter o título de doutor” pois “na
Europa é assim...”. Como tem sido já um hábito, a própria universidade indicada
por ele desmente o tal estágio de pós-doutorado (além do fato de que não há
“defesa” em pós-doutorado, que isso não é título). Mas quem se importa? O gado
simplesmente aplaude!. Como temos vivenciado nesses tempos sombrios, isso não é
nada de muito anormal por aqui, mas a palavra “mentira” ou variações não
apareceram, de fato, no texto jornalístico. Dizia apenas que o tal candidato
tinha “exagerado” em seu currículo. Sem comentários. Aliás, um só: isso tinha
sido só o começo da tragédia.
Definitivamente, não há como...
Cinco. E por
falar nisso (esse texto não acaba...), há uma escola estadual na Rua João
Moura, em Pinheiros, São Paulo. Quem passar pelas redondezas logo perceberá que
é uma região que está bombando com inúmeros empreendimentos imobiliários. Pois
bem, o Ministério Público protocolou uma ação contra essa escola (pública, do
próprio estado), ameaçando interditá-la por conta do barulho que os seus alunos
fazem. Deixando de lado o fato de que isso ocorre no meio de uma pandemia em
que as escolas estão fechadas (deve ser o barulho das aulas online, só pode ser...),
podemos concluir, por exemplo, que a elite local paulistana se incomoda com o
barulho que as escolas públicas fazem, e entendam isso do jeito que quiser,
literal ou figurativamente. Longe de mim inferir que o terreno da tal escola é
valioso demais, para a elite, para comportar uma mera escola pública. Aliás,
lembro de um colunista da Folha (não direi o nome) que uma vez defendeu que o
campus da USP era valioso demais para abrigar uma universidade e propunha
vendê-lo para a iniciativa privada que faria um melhor uso dele com shoppings e
escritórios.
Preciso repetir?
Seis. E aí,
um supremo do judiciário manda soltar um supremo do PCC...
Como
diria o Thio Therezo, não há como o Brasil dar certo. Não há...
Nenhum comentário:
Postar um comentário