“Vê se
pede aí coerência...”
“Coerência...
coerência... não, nada disso...”
“E
imparcialidade?”
“Tampouco
isso...”
“Honestidade?
Ética, talvez?”
“Honestidade...
não... ética... bulhufas, mas péra aí, diz que tem que ter reputação ilibada...”
“Não, não...
são coisas totalmente diferentes... nada a ver... Vejamos, ele já foi condenado
à prisão perpétua?”
“Que eu
saiba, não...”
“Então,
qualquer um pode atestar essa tal de reputação ilibada dele... mesmo a palavra de um
de seus clientes deve ser suficiente.”
“Mas tem
aqui uma idade mínima...”
“Ele
tem, ele tem, estamos todos carecas de saber disso...”
...
“Que
mais?”
“Exige
um tal de notório... notório saber, é isso!”
“Que
porra é essa? Em qual cartório eles atestam isso?”
“Sei
lá... Acho que ele deve mostrar um conhecimento notável, algo que se nota
claramente, sem sombra de dúvidas, essa é a ideia.”
“Ah...
não deve ser difícil isso, o pessoal engole qualquer coisa...”
“Eu
tenho um primo que sabe muito sobre cerveja e sobre churrasco, todo mundo nota
isso, ele tem um notório saber nesses assuntos.”
“Mas
pede notório saber em beber cerveja?”
“Acho
que não, era só um exemplo...”
“Ah! E você acha que ele tem
notório saber?”
“É bem
sabido que ele escreveu alguns livros...
“Então...”
“O problema é que
descobrirem um plágio em um de seus livros, mais do que um, aliás, em mais do
que um, na realidade.”
“Plágio...
aí complica...”
“Melhor a gente pensar em
outro nome...”
“Mas
péra aí! Talvez...”
“O que?”
“E
se...”
“Fala
logo!”
“Pensa
no seguinte... alguém escreve um livro e copia partes de um livro que saiu lá
longe, em outro continente, um ano antes...
“Mas ele não citou a
fonte...”
“Esquece essa baboseira de
que ele deveria ter citado a fonte, detalhes, isso é coisa desses perdedores, desses...
precisamos pensar grande, afinal somos gestores... empreender, essa é a palavra...”
“Não entendi...”
“Veja bem, se ele tinha um
conhecimento de um livro publicado lá longe pouco tempo atrás, isso não
caracteriza claramente o fato de que ele tinha um conhecimento específico, um
notório saber? E demonstrou isso, cara! Copiou ipsis litteris...”
“Ips... o que?”
“Esquece, é um provérbio
grego, você não iria entender... mas voltando, ele tinha um notório saber demonstrado
em um livro, não?”
“Sim, publicado e tudo...”
“Resolvido.”
“Mas parece que foram vários
plágios.”
“Melhor ainda... repetitivo
e consistente... isto é, notório...”
“Ótimo! Fechado?”
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